quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Elucubrações pós-modernas

Me questionaram sobre o blog.
Tenho me questionado sobre o blog.
Às vezes, poderei(ia) estar tirando o foco dos meus objetivos.
Isso, realmente, estava me consumindo.
Mas, desde ontem, tenho pensado diferente.
Estudo numa escola cujo nome é CEAQ (Centre d’Etudes sur l’Actuel et le quotidien).
Começo a descobrir que meus “colegas de classe” estudam, pesquisam e discutem o atual, o que está acontecendo na pós-modernidade, as diversas e as diversidades das tramas sociais que esbarram em nosso “universo particular”, modificando-o.
O blog para mim é aquele velho guardanapo onde a gente rabiscava enquanto esperávamos o amigo, a namorada, a batata frita chegar. É aquele potinho de giz de cêra que a gente fica brincando no restaurante, enquanto o garçon troca o chopp.
As redes sociais são isso.... janelas abertas (cuidado com essas janelas) para o mundo. Em tempos de “identidades fluidas” nossa cara está aí, em todos os lugares. Damos nossa cara a bater em nível mundial toda vez que postamos algo em nossos murais, em nossos blogs. Por incrível que possa parecer, o orkut é coisa de séculos atrás, o twitter perdeu-se na rede, o msn ficou velho e chato (emoticons nem pensar) e o facebook é a sensação do momento... a última coca-cola do deserto.
Em tempos de mensagens rápidas, o blog é uma possibilidade pós-moderna de voltarmos à literatura. O texto bem escrito, a linguagem atual, o estilo próprio, desenhado pelas palavras. A mensagem legal... a informação bem dada... uma dica cultural, uma mensagem bacana, uma conquista... o lado bom da vida.
Mas tem que ser visceral. Só vale blog visceral! Tem que sair das entranhas. Tem que ter e ser “faca afiada”. Por isso parabenizo o blogueiro (meu amigo, meu irmão, meu “fiel escudeiro”... aquele que compra meu barulho e ainda é da turma do bate-cabelo) www.pintosadeluxe.blogspot.com. Fica a dica: texto afiado, curto, direto... “porrada na cara” de toda a caretice e superficialidade que perpassam nossas vidas. O mais legal do “pintosa de luxe” é ser verborrágico, um grito de vida, de desespero e muita “caricatice”. Afinal, de que vale a vida se não fizermos uma pouco de caricatura dela? Vamos rir de nós mesmos!
Tem muita coisa boa na rede. Tem muita coisa legal sendo escrita, compartilhada, produzida, distribuída.
Vamos fazer das possibilidades que a pós-modernidade nos dá, aparatos para uma vida melhor, mais feliz, mais fresh... mais ao sabor das marés, das ondas e das fibras ópticas.
Nada muito a sério.
Nada a priori.
Deixemos o tempo se encarregar das respostas.
Vamos compartilhar nossas impressões sobre o(s) mundo(s).

terça-feira, 18 de outubro de 2011

INSCRIÇÃO À SORBONNE - PRIMEIRA PARTE

Após o difícil processo da OFII (aquele para se conseguir a carteira de estudante e a CARTA VITALE), começa o momento  de tramitar a documentação dentro da SORBONNE.
Agora é que o bicho pega!
Tornar-se um aluno de uma das maiores e mais renomadas instituições de ensino francesa, não poderia ser tarefa fácil! Aliás, bem difícil e cheia de detalhes.
Uma coisa é certa: vire-se! Pergunte! Pergunte outra vez se não entendeu. Peça para escrever e/ou desenhar! Se tiver um amigo francês para te ajudar nessa hora –maravilha!
É a partir de agora que vai saber se sua inscrição será efetivamente aceita na Sorbonne.

Eu vou fazer o passo a passo para quem vai estudar na PARIS V – Descartes, com foco em medicina e nas ciências sociais. Para outras escolas da Sorbonne, principalmente os prazos devem mudar, mas acredito que a documentação seja a mesma, assim como o processo.

O endreço do Guichet Unique do Doctorant é 12, Rue D’Ecole de Medicina. É só descer no metrô Odeon.... no meio de Saint-German des Prés... um dos lugares mais vips de Paris, ao lado do Boulevard Saint German... região versão luxo. Aproveite e tome um café bem chique...
A boa notícia: as moças que trabalham lá são fofas. E, acreditem: há uma brasileira, que é a chefe do setor. Elas te explicam tudo, em francês ou em português. Isso é um verdadeiro achado! Se bem atendido ali, resolvida sua vida na Sorbonne!
De lá você sairá com dois formulários (Inscrição Acadêmica e Pedagógica).
SUA VIDA ESTÁ NESSES DOIS DOCUMENTOS!

Depois, o endereço da Secretaria Geral da Pós-Graduação (Rue Saint Péres, em frente à Place Sorbonne), com o mega simpático Monsieur Gerôme, ao final do corredor, à direitra, escalier G2. Pare um pouco para apreciar a beleza da Place de la Sorbonne... o ir e vir de alunos... os vários cafés e restaurantes... um lugar lindo! E se vier para a Sorbonne, hospede-se numa das várias opções que há por ali. E para todos os bolsos. Uma boa dica é Hotel Clunny (www.hotel-cluny.fr: bom preço, ótima localização, dignidade no serviço).

Ops.... retificando: outro dia critiquei o serviço público francês, mas tenho que tirar o chapéu para a equipe SORBONNE, que dá uma atendimento nota mil. Sabem que todos nós, estudantes estrangeiros, estamos em um momento de ansiedade e insegurança e nos dão todo o apoio necessário. Superbe!

De posse desses dois documentos (Inscrição Administrativa e Pedagógica), começa o calvário. É uma lista dificíl longa a ser completada, mas não há outra solução a não ser concluí-la o mais rápido possível:

1.      CARTE DE THESE. O documento mais importante. Esse documento será entregue no Guichet Unique de Doctorant. Sem ele, nada caminha. Ele é seu contrato com a SORBONNE. Seu  documento mais importante, que deverá ser assinado imediatamente pelo seu orientador e por várias autoridades.

2.      Inscrição Acadêmica preenchida e assinada por: você, seu orientador, diretor da escola de pós-graduação (até aqui é você cuida) e depois, os documentos chegam em seu endereço, com a última assinatura dada.

3.      Inscrição Administrativa: formulário a ser preenchido por você, sem assinaturas.

4.      Carta de aceite do orientador.

5.      Carta de dispensa do mestrado – dada pelo seu orientador – ESSE DOCUMENTO É FUNDAMENTAL E DIFIÍCIL DE SER CONSEGUIDO. ATENÇÃO A ELE! Alguns mestrados não são reconhecidos na França! A CHAVE DA QUESTÃO ESTÁ AÍ.

6.      Certidão de nascimento – traduzida para o francês por tradutor juramentado.

7.      Diploma de mestrado – traduzida para o francês por tradutor juramentado.

8.      Projeto de tese em francês – com duas páginas no máximo. Já lida, aprovada e assinada por seu orientador.

9.      01 foto 3 x 4.

10.  Dois envelopes vazios medida A4, com seu endereço na França subscritado.

11.  Fazer o pagamento de 1,50 euros por envelope – em espécie.

12.  Curriculum Vitae – em francês. Bem enxuto, com no máximo 02 páginas.

13.  Fotocópia do passporte com o visto de estudante.

14.  Dica: ao final da rua da Sorbonne Paris V (Rue d’Ecole de Medicine) há uma ótima fotocopiadora. Vc faz todo o serviço sozinho: impressões e cópias. Eles só te auxiliam. É o máximo! E a bom preço.

Por hora é isso.
Devem surgir mais detalhes e pegadinhas.
Essa é minha experiência... e as experiências só estão no começo.
Daqui a pouco tem mais desse processo de inscrição.
Já é um bom começo.
Voi lá!
Allez y!

domingo, 16 de outubro de 2011

Ode ao dia do professor... Cê tá pensando que sou loki, bicho!

Ser professor é se jogar no desconhecido... é entrar pela ruas e vielas da loucura - nos bons sentidos que essas palavras possam adquirir. Por 12 anos nos bancos da universidade... aprendi demais. Aprendi a ser professor. E hoje, em homenagem a todos os meus colegas e a mim, tenho que nos felicitar pela profissão (dom? ofício? calvário?) Nos jogamos no mundo em busca da ampliação dos nossos conhecimentos, dos nossos horizontes. Nosso prazer está no prazer do outro (nesse caso, alunos e também - e por um outro viés - toda a sociedade). Crescemos para fazer crescer. Mas nada disso valeria a pena se não houvesse situações como essa: na UFJF tive uma monitora (a melhor que já tive) que trabalhou comigo durante alguns semestres. Em um de nossos últimos encontros, ela me pediu para falar uma coisa: "professor, eu queria te dizer que optei por fazer turismo em função de uma palestra sua que tive a oportunidade de assistir". Lembro dessa palestra, que ocorreu num cursinho pré-vestibular, sexta à noite... e eu com a mínima vontade de ir. O que me impulsionou foi a fala do diretor, que haveria uma "gratificação". Fim de mês... salário de professor... imaginei que teria algum pró-labore simbólico. Falei por uns bons minutos para alguns alunos... que não se mostravam muito interessados. Confesso ser um entusiasmado pela minha profissão, por falar em público, por repassar conhecimento... Devo ter falado por uma hora. Após os agradecimentos, lá vem a gratificação: uma caneta, um bloco, uma régua. Era inacreditável! Meu rosto deve ter se transformado em um ponto de interrogação... Mais, voi lá! Lá fui eu com minha régua, bloco e caneta! Jamais podia imaginar, que após anos o fato ocorrido, uma aluna/monitora me fizesse retornar àquela aula... àquela situação. Porém, ao ouvir a fala da aluna, percebi o quanto nosso trabalho é importante. Em uma palestra, falada durante alguns minutos... eu pude mudar a vida de uma pessoa. E as responsabilidade que o fato traz consigo! Confesso ter sido uma das declarações que mais me fez feliz nessa vida! Confesso ter chorado de emoção! Confesso que aquele depoimento será eternamente gravado om minha história. Aos meus colegas professores, ao meus alunos.... sejamos LOKI! No dia do professor, minha sugestão é que sejamos LOKI, sejamos ARNALDO BAPTISTA. Há várias maneiras de se viver a vida: eu optei por "viajar"... eu optei sair do cartesianismo lógico, regrado, matemático... deixar de lado a caretice. No dia do professor, fica a dica: Cê tá pensando que eu sou loki, bicho - Arnaldo Baptista! Sei que é - no mínimo - inusitado citá-lo agora, mas é o que mais me convém nesse momento!

Em tempo:
1. Optei por não informar o nome da minha aluna/monitora. Ela sabe!
2. Breve biografia de Arnaldo Baptista: um dos maiores artistas brasileiros, ainda em atividade. Fundador dos MUTANTES, uma das bandas - e ele é um dos caras - mais importantse do século XX. O trabalho de muitos artistas de nível mundial (Jim Morrison, por exemplo) bebeu nas fontes dele. Um cara genial, um artista maravilhoso, uma pessoa além do seu tempo, que hoje vive pintando e compondo em Juiz de Fora, sempre muito bem cuidado pela querida Lucinha. Prá quem não conhece, assista ao filme "Lóki": http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u578249.shtml.
3. Não poderia deixar de parabenizar a todos meus colegas professores que "se jogam", que procuram discutir conhecimento junto com seus alunos. Fica a dica: não sabemos mais, sabemos coisas diferentes"!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Vamos à razão - Parte 1

Esse blog também tem a função de informar.
Ao longo dos posts, o objetivo é apresentar dicas, “pulos do gato”... sugestões para quem pretende vir a Paris – para estudo (principalmente), mas também para turismo. Uma coisa meio “jeitinho brasileiro” dentro do status quo francês.
Assim sendo, vou começar a organizar esse processo de chegar até aqui para estudar.
Vou dividir em mais de um post para não ficar chato, longo, massante...

Adoro tópicos e lá vão eles:

 1.       Início do processo. Tenha uma carta de aceite de um professor-orientador, vinculado a alguma IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) francesa.

2.       Aprenda francês. Invista em um bom professor. Faça 03 aulas por semana, cada uma delas com 90 minutos. Ouça música francesa. Assista à tv francesa. Leia em frânces. Apesar disso, tenha certeza: toda língua é viva. O francês que vai ser encontrado aqui é bem diferente daquele da sala de aula. Solução: ao chegar aqui, abra bem os ouvidos, ouça mais, fale menos e se inscreva logo num curso de francês. Para quem mora em JF, tenho ótimas sugestões de professoras.

3.       Aprenda o jeito e a velocidade da vida na França. Tudo é diferente! Às vezes, nós brasileiros, parecemos ansiosos demais para eles. Saibam que aqui também o serviço público deixa a desejar.

4.       Documente-se desde o primeiro contato. Quando a CARTA DE ACEITE (esse precioso documento) estiver sendo escrita, tenha o cuidado de pedir ao secretário do seu orientador para que coloque algumas informações básicas (isso evita vários emails, stress, desistência... em suma, problemas): início do trabalho; duração; tema; regime (cotutelle ou co-diretion – isso é importante e falarei abaixo). Claro, papel timbrado, assinaturas etc.

5.       Regime da tese. Cotutelle: você está vinculado a um programa brasileiro. Co-diretion: você não está vinculado a um programa brasileiro. Ao final dos trabalhos, ainda irá “correr atrás” de um programa de pós-graduação brasileiro que aceite sua tese, deixe você defendê-la novamente, para validá-la. A segunda opção é mais difícil – e claro, optei por ela.

6.       CAMPUSFRANCE. Não há como estudar na França sem passar pelo CAMPUSFRANCE. É uma insituição importante que faz a ligação entre o aluno e a França. É a primeira triagem para seu requiremento de SÉJOUR D’ÉTUDIANT. O CAMPUSFRANCE custa atualmente R$ 335,00. O processo se inicia na criação do dossiê no site http://www.bresil.campusfrance.org/.

7.       Prepare o bolso. O CAMPUSFRANCE, idas ao consulado, tradução juramentada, xerox, passaporte e seguro de vida (válido por 1 ano, com apólice de no mínimo 30 mil euros – falo sobre isso depois) devem gerar custos de R$ 4 mil reais.

8.       INSURANCE. Ninguém entra na frança (e em boa parte do mundo) sem um bom plano de saúde. Veja o tempo que vai ficar estudando e compre um bom seguro. Média de preço: comprei um bom seguro por 1 ano e gastei R$ 2.000,00. Daqui a pouco terei a CARTA VITALE... que é o documento que dá acesso aos serviços médicos públicos e gratuitos – que parecem ser muito bons. CARTA VITALE é um documento oficial e obrigatório. Para o ano que vem não terei mais necessidade de renovar o seguro, uma vez que já estarei com minha CARTA VITALE. Por outro lado, estar do outro lado do mundo com as seguranças que um bom seguro-saúde te dá... tem seu valor (e acho que esse valor é alto).

9.       DEMANDE D’ATTESTATION OFFII. Quando for pegar seu visto de estudante (atenção ao prazo de 15 dias úteis antes da sua viagem – quase dancei nessa!!!), você reberá um documento cujo nome é VISA DE LONG SEJOUR – DEMANDE D’ATTESTATION OFFII. O documento que você receberá no consulado te pede para ir à Rue de la Roquete – não vá. Lá é somente para quem vem trabalhar na França. Vá à Cité Universitáire (RER B), munido dos seguintes documentos: original e xerox de passaporte, certidão de nascimento, foto 3x4, DECLARATION D’HEBERGÉMENT (dada por um francês, que atesta onde você vai morar na França), documento de identidade desse francês, comprovante de residência.
Esse post termina assim.
Apenas informando sobre o começo.
 
E viva Nossa Senhora da Aparecida!
Quem não tem como ir a Parisssssscida do Norte vai à Église de la Madeleine.
Um lugar lindo, emocionante... paz em Paris.
O importante é estarmos sempre zelando pela nossa fé.
Do outro lado do Atlântico, hoje eu “pedi” por todos os brasileiros.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

O encantamento por Paris...


Há uma semana em Paris, confesso ter digerido e compreendido muito pouca coisa!!!

Paris é um mundo: de sofisticação e de pobreza; de belezas e mazelas; de esquerda que deixa o poder e de direita que procura se reinstalar; do mundo inteiro que vai e vem; da greve geral (que é uma constante por aqui); do serviço público (que tb não funciona tão bem assim).

Paris são detalhes! Paris sont les petites choses!

A beleza de Paris está nas esquinas, nos prédios, no savoir-vivre, nos bons e belos restaurantes.

A beleza de Paris está no silêncio (ou no volume bem baixo) do seu dia a dia.

A beleza de Paris está num passeio pelo Canal St. Martin para um belo almoço no La Marine (http://www.sortirauresto.com/restaurant-paris/fb25704-la-marine).
Fica aqui a primeira dica de Paris: boa cozinha, apresentação e serviços maravilhosos, staff que arranha (bem) um português e o q é melhor, no preço justíssimo (30 euros por pessoa, com tudo incluído: l'entrées, le plat, le vin, les desserts et le cafe).

A beleza de Paris está presente inclusive na falta de beleza!

Fica a dica: nunca perca a oportunidade de viver em outro país. Como bem disse meu pai (e que só de pensar me faz  chorar), permita-se ver o mundo com outros óculos! Permita-se!

A beleza de Paris está no cair da tarde... Na brisa fria do outono que chega... Dos seus recantos mais discretos.

A beleza de Paris está no imperceptível!

A beleza de Paris está em meus olhos: que procuro (e consigo) ver beleza até mesmo onde talvez não possa haver.

Eu já amo Paris! E vou amá-la cada dia mais!

Mesmo tendo a plena consciência da saudade, da tristeza e da melancolia que, às vezes, tomam conta de mim.

A cada dia vidido será um dia a menos para o retorno ao Brasil. Ao mesmo tempo – e em contraposição – também será um dia a mais na longa jornada de descobrir-me e conhecer-me.

Como em uma guerra... Recuar para avançar.

Descubro Paris a cada momento.
Ao mesmo tempo, a cada descoberta, me redescubro e redescubro o Brasil.

Como canta MARAVILHOSAMENTE BEM, o mineiro Vander Lee (http://www.youtube.com/watch?v=vnSVywbzxT4):

O dedo invisível do tempo
Modelando nosso destino
No barro da vida é um velho
Girando, virando menino
Sonhando sons, criando asas
E as asas pisando o céu
Entrando e saindo das casas
Brincando qual pipa de papel
Driblando dragões e cometas
E contando histórias pra lua
Brincando de roda com os planetas
Bem ali, na porta da rua
E a tarde fugindo sem pressa
Na velha cidade da luz
Presente no sol que atravessa
Futura na estrela que conduz
O dedo invisivel do tempo...

domingo, 9 de outubro de 2011

"Meu mundo em Paris" começa com sonhos...

Sempre fui um sonhador!
Sempre procurei ver além das fronteiras da minha terra.
Adorava trepar em árvores para ver o mundo lá de cima... sempre queria saber o que havia atrás daqueles morros que cercavam Argirita (minha cidade natal, uma pequena vila no interior das Minas Gerais).
Sempre adorei construir castelos de areia, mesmo sabendo que a alta da maré, os ventos ou um desavisado poderiam destruí-los.
Sonhava que um dia a gravidade iria falhar e que seria levado universo afora...
Os sonhos são parte do meu caráter.
Minha mãe sempre diz que era só aparecer uma visita em nossa casa, que me convidasse para "um fim de semana" e minha "sacola" já estava arrumada ou - caso contrário - aquele seria um fim de semana de mau humor.
O tempo passou... os sonhos transformaram-se... eu continuo o mesmo.
Por isso, "meu mundo em Paris" tem que começar falando de sonhos.
Dos nossos sonhos... mesmo que eles pareçam impossíveis... inimagináveis...
Gosto dos sonhos - eles me impulsionam.
Triste quem abre mãos dos sonhos ou não consegue construí-los ou ainda não consegue administrá-los.
Ontem, durante minha primeira aula na Sorbonne, com meu orientador Michel Maffesoli, percebi o quanto os sonhos são importantes.
Numa fração de segundos minha vida passou pela minha frente...
Sonhar... planejar... arisscar... soltar as amarras... desapegar... evoluir.
De quem adiantariam os sonhos se eles não se transformassem em realidade?
Aliás, eles só existem para se concretizarem.
Sejamos sonhadores do nosso próprio destino.
Que nossos destinos sejam a realização dos nossos sonhos.
É melhor ser alegre que ser triste... já dizia a música.
"Meu mundo em Paris" é a materialização do meu maior sonho... e eu cheguei aqui.
Houve e haverá desafios e perdas enormes (e irreparáveis) durante esse processo.
Há também lágrimas em tudo isso...
Nunca vou esquecer dessa frase (que estava esculpida numa peça do Brennand): "... os labirintos inculpáveis da vida" (nos quais às vezes nos metemos).
Não sabemos do nosso futuro, mas os sonhos nos farão melhores....
Legenda: D. Terezinha (minha mãe), D. Ivone (diretora da Escola Estadual Dr. Custódio Junqueira) e eu recebendo a medalha de melhor aluno da classe.
O sonho de estudar em Paris nascia ali... e nem eu sabia.