sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reze para entrar, torça para sair!


Há algum tempo sem falar do processo de estudar na França, lá vão alguns novos pontos importantes.

  1.  Toda a documentação de inscrição para o doutorado tramita através da Secretaria Geral de Doutorado, onde trabalha o excelente monsieur Jerome Brocheriou. Já falei sobre ele, mas penso que seu trabalho merece destaque pois efetivamente auxilia muito aos alunos recém-chegados. Isso é incrível! Importante ressaltar que ele cuida dos doutorados que serão cursados na Universidade Paris V. O escritório da École Doctorale 180, funciona à Sorbonne (54, rue Saint Jacques – Galerie Gerson – Escalier G2). 
  2. Fica a dica: passear pela Sorbonne é lindo. A praça da Sorbonne é linda. Aproveite o tempo e tome um bom capuccino nums dos (caros) restaurantes espalhados pela praça. Mas vale a pena curtir o sobe e desce da juventude francesa (e do mundo) entrando e saindo das aulas. Um excelente retrato da juventude mundial! E há também várias livrarias e o Museu de Clunny.  Roteiro imperdível em Paris, até pq é Saint German de Prés – um dos quartiers mais luxuosos de Paris.
  3. Agora, para ser mais específico: estou me referindo às pessoas que vão cursar algo nas Ciências Sociais. O curso de Ciências Sociais funciona na Sorbonne (54, rue Saint Jacques). Ali estão a graduação e o mestrado e algumas atividades do doutorado. Há vários paineis espalhados pelos corredores com toda a programação de eventos, palestras, cultura etc. E há também o quadro das disciplinas ofertadas. Atente-se aos quadros, cadastre-se nos sites relacionados ao curso. É muita coisa aocntecendo ao mesmo tempo e você perder algo muito interessante.
  4. Fica a dica: algumas vezes, na pressa, fotografo o cartaz, o flyer... a informação disponível. Exemplo: Habermas vem aqui no mês que vem e eu consegui me cadastrar para a palestra.
  5. O CEAQ fica no quinto andar da Faculdade de Medicina (12, rue de Sant Perez). Segue todo o corredor, pega o elevador e chega a uma série de laboratórios. O CEAQ é ligado ao GEPECS.
  6. Não posso falar do CEAQ, sem começar pelo professor Michel Maffesoli. Uma sumidade das Ciências Sociais no mundo. Um cientista que constroi uma teoria sobre a pós-modernidade, através da publicação de uma série de livros (quase todos disponíveis no português). Um cientista polêmico, provocador, com enorme apreço e envolvimento com a pesquisa no Brasil. São incontáveis os projetos brasileiros que ele já orientou, além de manter uma relação próxima com várias universidades do Brasil. Ele ama o Brasil! Uma pessoa extremamente inteligente, que nos leva a questionamentos interessantíssimos, com uma reflexão profunda sobre os papéis do homem na pós-modernidade. Referência obrigatória para diversos cursos e estudos no Brasil na área das Ciências Sociais, Comunicação e Turismo. Maffesoli é um dos responsáveis pelas mudanças nos rumos da pesquisa social na segunda metade do século XX e XXI.
  7. Fica a dica: http://www.ceaq-sorbonne.org/
  8. Quando chegar ao CEAQ, irá encontrar o excelente Fábio de la Rocca, pesquisador e assessor direto do professor Maffesoli. Ele cuida da agenda do professor e de muitas decisões relacionadas ao CEAQ. Fabio de la Rocca é o cara: inteligente, competente, disponível.
  9. No CEAQ você também vai ter o prazer de conhecer Ludmille. Ludmille é brasileira, trabalha no secretariado do CEAQ, orientanda do prof. Maffesoli há anos, um “anjo” na vida dos estudantes brasileiros. Uma garota linda, inteligente, sensível que cuida da gente no nível profissional e também nos auxilia nas divagações e oscilações pessoais. Ludmille é excelente pesquisadora, desenvolve o tema “animal político” (essa tese é longa demais para ser apresentada aqui – ela sabe que tem esse espaço para falar) e – pode ter certeza – uma hora você vai precisar dela. 
  10. Relaxe! A burocracia é enorme. A tramitação é lenta. Por isso, o nome e o peso que a instituição tem.
  11. Agora, o ponto mais importante. O sistema de ensino francês é totalmente diferente do nosso, e estou me referindo às  IFES (Instituição Federal de Ensino) brasileiras. O REUNI, sem dúvidas, é uma excelente tentativa de aproximação do método europeu de ensino – aqui já muito mais automatizado e de fácil compreensão. Você define o que você quer estudar – em todos os níveis. Você traça sua trajetória acadêmica. Claro que há um esqueleto, mas a responsabilidade do aluno é enorme nesse processo. Posso não fazer nada e só apresentar uma tese daqui a 03 anos – será que isso vai dar certo? Não, claro que não vai. Logo, eu monto minha trajetória. Tenho como coluna vertebral composta por diversas correntes teóricas – terei que optar e me aprofundar em alguma(s). Sim, terei que provar minha hipótese. Mas, antes disso, há todo um referencial teórico a ser discutido a partir das correntes de pensamento científico que vêm sendo construídas (e descontruídas) há séculos, bem como métodos recentes (e porquê não dizer pós-modernos) de pesquisa.
  12. Entrar na Sorbonne, realmente não foi a coisa mais difícil do mundo – daí “reze para entrar, torça para sair”. Fato: o meu projeto de estudar na França tem agora 03 anos. Um projeto construído “tijolo por tijolo”, com início em fevereiro de 2009. Quando cheguei em Paris, percebi que estou com menos da metade desse percurso percorrido. Há ainda um longo caminho. A difícil tarefa de descobrir (ou escolher) um tema, desenvolver esse tema, testar e provar hipóteses, chegar a um raciocínio brilhante sobre o problema de pesquisa. Talvez a expresão nem seja chegar a um “raciocínio brilhante”, mas concluir um raciocínio, com categorias de pensamento extremamente bem definidas, rigor metodológico, concisão e qualidade de escrita, a ser apresentado para uma banca composta por 03 professores. E tudo isso em francês!
  13. E que tese auxilie na ampliação do tema pesquisado, além de poder retornar à sala de aula e à pesquisa no Brasil, contribuindo com o desenvovimento de ambos.  É o dever do servidor público. Só de pensar.... me dá vontade de.... pular.
  14. Voi lá! Não há outra opção. Estando aqui escrever uma tese é a única coisa certa que irá acontecer. E – sempre ironizo essa situação assim – se tudo der errado e nada der certo, você retorna ao Brasil com o título de Doutor pela Sorbonne. Não é um dos piores “fim de linha” para ninguém.
  15. Fica a dica: no final tuda dá certo. Se não deu certo ainda, é porque não chegamos ao final.

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